Arca da Aliança, no Templo de Salomão

João 5:39 - Examinais as Escrituras, porque vós cuidais ter nelas a vida eterna, e são elas que de mim testificam.


Outro dia, ao trocar os canais da televisão de minha casa, me deparei com uma cena, no mínimo, inusitada: em um grandiosos templo, uma multidão se espremia para tocar em uma arca, que era carregada pelos corredores. Era a Arca da Aliança, no Templo de Salomão. Não, não era uma cena de filme, ou de um documentário acerca dos mistérios do antigo testamento. Era uma transmissão ao vivo.
Este fato me levou a refletir sobre duas questões, ainda bastante polêmicas, apesar de muito debatidas: a reprodução literal de elementos e símbolos do antigo testamento, e a aproximação, sempre perigosa, do cristianismo com a cultura popular, podendo resultar na idolatria.
Entendo que o Velho Testamento deve ser lido tendo como foco a figura de Jesus Cristo. Ou seja, os tipos e símbolos tratados em suas páginas apontam para Jesus, e a arca não é exceção: esta era o símbolo que marcava a presença de Deus junto ao povo de Israel. Em Cristo, somos a morada, não sendo mais necessário símbolos ou objetos para representá-la. Glória a Deus.
Este fato me levou a pensar que o uso de uma réplica da Arca da Aliança como elemento de adoração seria o resultado de uma aproximação com expressões da religiosidade popular já consolidadas, sendo assim, um caso de sincretismo. Me veio a mente o Círio de Nazaré, uma das maiores e mais belas procissões católicas do mundo. Realizada em Belém do Pará, ocorre em homenagem a Nossa Senhora de Nazaré sendo, desde 2004, registrado como Patrimônio Cultural Imaterial pelo IPHAN.
Um dos elementos que compõem a procissão é a Corda do Círio, quando milhares de romeiros disputam o privilégio de tocá-la, sendo esta o elo entre Nossa Senhora aos fiéis. E aqui retomo a Arca da Aliança: na imagem que vi, pela televisão, fiéis buscavam tocá-la, como se este ato tivesse um significado especial, garantindo uma ligação especial com Deus. O objeto tem um papel de destaque, e passa a ser adorado, em um perigo de idolatria.

Mas, no caso dos judeus, não havia este perigo? Lembremos que a Arca de Aliança fazia sentido em dado contexto, sendo ali uma determinação de Deus para Seu povo. Com Jesus, temos uma nova aliança, o que exige um redimensionar de tal simbolismo.

Comentários