Resenha - O Caminho De Jesus e os Atalhos Da Igreja



Título: O Caminho De Jesus e os Atalhos Da Igreja

Autor: Eugene Peterson

Editora: Mundo Cristão

Descobri esta obra meio por acaso, quando pesquisava títulos para minha leitura matinal. Encontrei Eugene Peterson, um dos grandes autores cristão contemporâneos. Pastor, biblista, doutor em línguas semíticas, poeta, e tradutor da Bíblia, nesta obra nos chama para refletirmos sobre o significado, e a necessidade, do caminhar com Jesus.
Peterson Inicia o livro nos alertando para o fato de que o caminho indicado pelo mundo é distinto do de Jesus. O mundo não favorece a adoração a Deus, o seguir a Jesus e o envolvimento com o Espírito Santo. Especialmente quando tratamos da cultura ocidental, cada vez mais impessoal, enquanto o evangelho deve ser entendido como pessoal, relacional.  E este caminho deve ser construído, segundo o autor, a partir da igreja local.
É na igreja local que as relações pessoais são favorecidas, fortalecendo os laços entre seus membros, em uma aproximação com o conceito de célula, adotada hoje por igrejas evangélicas brasileiras de diversas denominações. Nos alerta, no entanto, para os perigos da reprodução de estratégias do mundo na igreja, o que pode resultar em um  afastar do evangelho. A igreja não é um produto a ser consumido, de forma passiva e submissa. Neste caso, os fins não justificam o meio, como queriam os escolásticos da idade moderna, que acreditavam que tudo era aceitável, desde que o fim fosse a salvação.
Não devemos nos esquecer que o meio, o caminho para a salvação, é Jesus Cristo. Por isso somos chamados a segui-lo. E o local para fortalecermos os vínculos com Cristo é a igreja.  Assim como ocorreu com Jesus, o início de nossa caminhada, geralmente, é triunfal, marcado pelo batismo. Mas, em seguida, somos levados ao deserto, quando passamos por provas e tentações. Assim como ocorre conosco, o Diabo tentou Jesus não no que se refere aos fins, mas sim aos meios, ao caminho. O caminho de Cristo nos é apresentado, assim, como exemplo e metáfora para nossa caminhada.
Em seguida Peterson trata de personagens do antigo testamento, destacando a fé como obediência e confiança no caminho. Neste momento, nos é apresentado também um  perfil político e contextualizado de parte do Antigo Testamento, ampliando nossa visão sobre o tema.
Trata assim de Moisés, que fez uso da palavra e auxiliou na construção de uma identidade para o povo de Israel. De David, um homem pecador, que tomou decisões necessárias para um Rei que buscava a unificação de um povo. De Elias, o profeta de um povo dividido entre Judá, adoradores de Yaweh, e Israel, adoradores de Baal, sendo levantado para atuar contra esta situação. De Isaías, que prega mesmo sabendo das dificuldades que iria enfrentar: um povo que ouve, mas não compreende. No entanto, não aceita falar aquilo que se espera, não se submete a cultura e as expectativas de sua época. E de Isaías do exílio, que nos apresente a ideia de evangelho, de um Deus presente e que age. Trata também da necessidade de servidão, lembrando que os Hebreus foram servos de faraó, e passaram a ser servos de Deus. Eugene Peterson nos lembra que Jesus nos chama para esta escolha: venha, que meu jugo é suave.
Por fim, volta a Jesus, demonstrando como o caminho trilhado por Ele era distinto do esperado pelas pessoas da época: era distinto do de Herodes, que representa o mundo, e dos Fariseus, que representa uma  religiosidade legalista. Distinto de Caifás, que representa uma religiosidade institucional, e dos essênios, representantes de uma espiritualidade radical.

Ou seja, Jesus representa o caminho apontado no Antigo Testamento, mas distinto de tudo o que existia no momento em que veio ao mundo. É um caminho que exige relacionamento com as pessoas e com Deus, sendo a igreja o ambiente próprio para tal.

Publicado originalmente no Jornal da Igreja Presbiteriana Central de Londrina.

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