Equilíbrio no Quadrante


Fonte: startrek.com

Na franquia Star Trek, que conta com cinco séries, uma série animada e treze filmes, além de diversos livros e Histórias em Quadrinhos, um tema é recorrente: a necessidade de se manter o equilíbrio entre as forças no quadrante, divididos entre Humanos, Vulcanos (ambos membros da chamada Federação dos Planetas Unidos), Romulanos, Klingons e Cardassianos. Estes grupos de humanóides representam as nações que, atualmente, no planeta terra, disputam a hegemonia. Assim como as nações atuais, estes grupos são marcados por diferenças étnicas, políticas e religiosas que exige um esforço “sobre humano” para que o equilíbrio e a paz, sejam mantidos. São vários os episódios em que se mostra necessário realizar alianças e tratados, quando as partes devem abrir mão de algo para que o equilíbrio seja mantido.
Atualmente, vemos a necessidade de as nações trabalharem com afinco para manter o equilíbrio no quadrante: na série os Humanos e Vulcanos, estes racionais como os americanos, são aliados dos Klingons, que na primeira série, chamada de clássica, que foi ao ar no contexto da chamada Guerra Fria, representava os socialistas soviéticos. Já na última série da franquia, os inimigos eram os Borgs, terroristas que atacam a terra e que estão produzindo uma arma mortal, de destruição em massa, e devem ser impedidos pelos heróis da nave Enterprise. A ficção aproxima-se da realidade, com a diferença de que na série é realizado uma acordo de paz em nome do equilíbrio e da paz no quadrante. Já os Romulanos, grupo que divide seu DNA com os Vulcanos, mas que possui diferenças significativas na organização sócio-política e religiosa, juntamente com os Cardassianos, grupo marcado pelo autoritarismo e militarismo, com tendência a conquista de novos territórios, são os grandes inimigos da federação. No caso dos Cardassianos, localizam-se no extremo do quadrante, em uma área há ser conhecida e decodificada.
Qualquer semelhança com as nações de base muçulmana não é mera coincidência afinal, hoje, o equilíbrio no planeta depende da forma como entendemos e nos relacionamos com estes grupos. Vale a pergunta: estivemos tão preocupados com o Iraque, Afeganistão e com o Irã, que fechamos os olhos para ditaduras que se mantinham a décadas, com o apoio da nação mais livre do mundo, e que agora explode em manifestações e guerras civis como no Egito.
Acredito que devemos nos espelhar um pouco na ficção, e buscar um equilíbrio no quadrante baseado no respeito a diferença étnica e cultural, na busca pela igualdade de condições e de direitos, no respeito as nações e suas formas de organização e na liberdade de informações, para que possamos olhar um pouco além de nosso sistema solar. Além disso, deve-se considerar as nações em ascensão, que na série é representado pelos Bajorianos, que se recuperam de um processo de ocupação Cardassiana, os Ferengis, grupo que se organiza a partir do comércio e das leis da aquisição. E, no mundo real, uma das potências em ascensão é o Brasil, que não pode abrir mão de sua posição e deve assumir posicionamentos, mesmo que polêmicos, em nome do Equilíbrio no Quadrante.
Apenas para fechar, um elemento que demonstra o papel diferenciado que ocupamosl é o fato de que, nos filmes de Hollywood, o Brasil vem aparecendo como uma nação a ser lembrada e consultada. Exemplos são a série V e os filmes 2012 e Invasão do Mundo, Batalha de Los Angeles.

Publicado originalmente no Jornal Folha de Londrina

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